Como Formular um Problema de Pesquisa?

 Como Formular um Problema de Pesquisa?

 

2.1. O que é mesmo um problema?

 

Conforme já foi assinalado, toda pesquisa se inicia com algum tipo de problema, ou indagação. Todavia, a conceituação adequada de problema de pesquisa não constitui tarefa fácil, em virtude das diferentes acepções que envolvem este termo.

O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa indica os seguintes significados de problema:

1.       Assunto controverso, ainda não satisfatoriamente respondido em qualquer campo do conhecimento, e que pode ser objeto de pesquisas científicas ou discussões acadêmicas.

2.       Obstáculo, contratempo, dificuldade que desafia a capacidade de solucionar de alguém.

3.       Situação difícil; conflito.

4.       Mau funcionamento crônico de alguma coisa que acarreta transtornos, pobreza, miséria, desgraças etc., e que exigiria grande esforço e determinação para ser solucionado.

5.       Distúrbio, disfunção orgânica ou psíquica.

6.       Pessoa, coisa ou situação incômoda, fora de controle etc.

7.       Questão levantada para inquirição, consideração, discussão ou solução.

 

A primeira acepção é a que será considerada ao longo deste livro, pois é a que mais apropriadamente caracteriza o problema de pesquisa científica.

 

Fica claro que nem todo problema é passível de tratamento científico. Isso significa que para se realizar uma pesquisa é necessário, em primeiro lugar, verificar se o problema cogitado se enquadra na categoria de científico.

Como fazer isso?

Para um dos mais respeitados autores no campo da metodologia das ciências sociais, a maneira mais prática para entender o que é um problema científico consiste em considerar primeiramente aquilo que não é (KERLINGER, 1980). Sejam os exemplos:

“Como fazer para melhorar os transportes urbanos?” “O que pode ser feito para melhorar a distribuição de renda?” “Como aumentar a produtividade no trabalho?” Nenhum destes constitui rigorosamente um problema científico, pois, sob a forma em que são propostos, não possibilitam a investigação segundo os métodos próprios da ciência.

Estes problemas são designados por Kerlinger como problemas de “engenharia”, pois referem-se a como fazer algo de maneira eficiente. A ciência pode fornecer sugestões e inferência acerca de possíveis respostas, mas não responder diretamente a esses problemas. Eles não indagam como são as coisas, suas causas e consequências, mas indagam acerca de como fazer as coisas.

Também não são científicos estes problemas: “Qual a melhor técnica psicoterápica?” “E bom adotar jogos e simulações como técnicas didáticas?” “Os pais devem dar palmadas nos filhos?” São antes problemas de valor, assim como todos aqueles que indagam se uma coisa é boa, má, desejável, indesejável, certa ou errada, ou se é melhor ou pior que outra. São igualmente problemas de valor aqueles que indagam se algo deve ou deveria ser feito.

Embora não se possa afirmar que o cientista nada tenha a ver com esses problemas, o certo é que a pesquisa científica não pode dar respostas a questões de “engenharia” e de valor, porque sua correção ou incorreção não é passível de verificação empírica.

Com base nessas considerações, pode-se dizer que um problema é de natureza científica quando envolve proposições que podem ser testadas mediante verificação empírica. Sejam os exemplos: “Em que medida a escolaridade influencia na preferência político-partidária?”, “A desnutrição contribui para o rebaixamento intelectual?”, “A modalidade predominante de liderança tem a ver com a cultura organizacional?”. Estes são problemas que envolvem variáveis suscetíveis de observação. É possível, por exemplo, identificar a preferência político-partidária dos integrantes de um grupo social, bem como seu nível de escolaridade para depois verificar em que medida estes fatores estão relacionados entre si.

 

2.2 Por que formular um problema?

 

Como já foi visto no capítulo anterior, o problema de pesquisa pode ser determinado por razões de ordem prática ou de ordem intelectual. Inúmeras razões de ordem prática podem conduzir à formulação de problemas. Pode-se formular um problema cuja resposta seja importante para subsidiar determinada ação. Por exemplo, um candidato a cargo eletivo pode estar interessado em verificar como se distribuem seus potenciais eleitores com vistas a orientar sua campanha. Da mesma forma, uma empresa pode estar interessada em conhecer o perfil do consumidor de seus produtos para decidir acerca da propaganda a ser feita.

Podem-se formular problemas voltados para a avaliação de certas ações ou programas, como, por exemplo, os efeitos de determinado anúncio pela televisão ou os efeitos de um programa governamental na recuperação de alcoólatras.

Também é possível formular problemas referentes às consequências de várias alternativas possíveis. Por exemplo, uma organização poderia estar interessada em verificar que sistema de avaliação de desempenho seria o mais adequado para seu pessoal.

Outra categoria de problemas decorrentes de interesses práticos refere-se à predição de acontecimentos, com vistas a planejar uma ação adequada. Por exemplo, a prefeitura de uma cidade pode estar interessada em verificar em que medida a construção de uma via elevada poderá provocar a deterioração da respectiva área urbana.

É possível, ainda, considerar como interesses práticos, embora mais próximos dos interesses intelectuais, aqueles referentes a muitas pesquisas desenvolvidas no âmbito dos cursos universitários de graduação. É frequente professores sugerirem aos alunos a formulação de problemas com o objetivo de treiná-los na elaboração de projetos de pesquisa.

Também são inúmeras as razões de ordem intelectual que conduzem à formulação de problemas de pesquisa. Pode ocorrer que um pesquisador tenha interesse na exploração de um objeto pouco conhecido. Por exemplo, quando Freud iniciou seus estudos sobre o inconsciente, este constituía uma área praticamente inexplorada.

Um pesquisador pode interessar-se por áreas já exploradas, com o objetivo de determinar com maior especificidade as condições em que certos fenômenos ocorrem ou como podem ser influenciados por outros. Por exemplo, pode-se estar interessado em verificar em que medida fatores não econômicos agem como motivadores no trabalho. Várias pesquisas já foram realizadas sobre o assunto (HERZBERG, 1966), mas pode haver interesse em verificar variações nesta generalização. Pode-se indagar, por exemplo, se fatores culturais não interferem, intensificando ou enfraquecendo as relações entre aqueles dois fatores.

Pode ocorrer que um pesquisador deseje testar uma teoria específica. Como fez, por exemplo, Wardle (1961) com a teoria da carência materna de Bowlby (1951). Este pesquisador estudou crianças que frequentavam uma clínica de orientação infantil e constatou que os que furtavam, ou apresentavam outros comportamentos antissociais, provinham, com frequência significativa, de lares desfeitos, apresentavam incidência mais elevada de separação da mãe e com maior frequência tinham pais que provinham também de lares desfeitos.

Pode, ainda, um pesquisador interessar-se apenas pela descrição de determinado fenômeno. Como, por exemplo, verificar as características socioeconômicas de uma população ou traçar o perfil do adepto de determinada religião.

Os interesses pela escolha de problemas de pesquisa são determinados por diversos fatores. Os mais importantes são: os valores sociais do pesquisador e os incentivos sociais. Um exemplo do primeiro fator está no pesquisador que é contrário à segregação racial e por isso mesmo vê-se inclinado a investigar sobre esse assunto. Um exemplo do segundo está nos incentivos monetários que são conferidos à investigação sobre comunicação de massa, propiciando o desenvolvimento de grande número de pesquisas, assim como a sofisticação das técnicas empregadas.

 

2.3 Como formular um problema?

 

2.3.1 Complexidade da questão

 

Formular um problema científico não constitui tarefa fácil. Pode se dizer que implica o exercício de certa capacidade que não é muito comum nos seres humanos. Todavia, não há como deixar de reconhecer que o treinamento desempenha papel fundamental nesse processo.

Por se vincular estreitamente ao processo criativo, a formulação de problemas não se faz mediante a observação de procedimentos rígidos e sistemáticos. No entanto, existem algumas condições que facilitam essa tarefa, tais como: imersão sistemática no objeto, estudo da literatura existente e discussão com pessoas que acumulam muita experiência prática no campo de estudo (SELLTIZ, 1967).

A experiência acumulada dos pesquisadores possibilita ainda o desenvolvimento de certas regras práticas para a formulação de problemas científicos, tais como: (a) o problema deve ser formulado como pergunta; (b) o problema deve ser claro e preciso; (c) o problema deve ser empírico; (d) o problema deve ser suscetível de solução; e (e) o problema deve ser delimitado a uma dimensão viável. Essas regras serão detalhadas adiante.

Com muita frequência, problemas propostos não se ajustam a essas regras. Isso não significa, porém, que o problema deva ser afastado. Muitas vezes, o melhor será proceder a sua reformulação ou esclarecimento, o que poderá mesmo exigir a realização de um estudo exploratório (que será objeto de atenção específica no Capítulo 4).

 

2.3.2 O problema deve ser formulado como pergunta

 

Esta é a maneira mais fácil e direta de formular um problema. Além disso, facilita sua identificação por parte de quem consulta o projeto ou o relatório da pesquisa. Seja o exemplo de uma pesquisa sobre o divórcio. Se alguém disser que vai pesquisar o problema do divórcio, pouco estará dizendo. Mas se propuser: “que fatores provocam o divórcio?” ou “quais as características da pessoa que se divorcia?”, estará efetivamente propondo problemas de pesquisa.

Este cuidado é muito importante sobretudo nas pesquisas acadêmicas. De modo geral, o estudante inicia o processo da pesquisa pela escolha de um tema, que por si só não constitui um problema. Mas, ao formular perguntas sobre o tema, passa a problematizá-lo, gerando, então, um ou mais problemas.

 

2.3.3 O problema deve ser claro e preciso

 

Um problema não pode ser solucionado se não for apresentado de maneira clara e precisa. Com frequência, são apresentados problemas tão desestruturados e formulados de maneira tão vaga que não é possível imaginar nem mesmo como começar a resolvê-los. Por exemplo, um iniciante em pesquisa poderia indagar: “Como funciona a mente?” etc. Esses problemas não podem ser propostos para pesquisa, porque não está claro a que se referem.

É pouco provável que pessoas com algum conhecimento de metodologia proponham problemas desse tipo. Nessa eventualidade, porém, deve-se reformular o problema de forma a ser respondível. Talvez se possa reformular a pergunta “Como funciona a mente?” para “Que mecanismos psicológicos podem ser identificados no processo de memorização?” Claro que esta é uma das muitas reformulações que podem ser feitas à pergunta original. Nada garante que corresponda exatamente à intenção de quem a formulou. Essa certeza só poderá ser obtida após alguma discussão.

Pode ocorrer também que algumas formulações apresentem termos definidos de forma não adequada, o que toma o problema carente de clareza. Seja, por exemplo, a pergunta: “Os cavalos possuem inteligência?” A resposta a essa questão depende de como se define inteligência.

Muitos problemas desse tipo não são solucionáveis porque são apresentados numa terminologia retirada da linguagem cotidiana. Muitos termos utilizados no dia a dia são bastante ambíguos. Tome-se o exemplo de um problema que envolva o termo organização. Só poderia ser adequadamente colocado depois que aquele termo tivesse sido definido de forma rigorosamente não ambígua.

Um artifício bastante útil consiste em definir operacionalmente o conceito. A definição operacional é aquela que indica como o fenômeno é medido. Nas ciências físicas e biológicas, a definição operacional tende a ser bastante simples, pois geralmente se dispõe de instrumentos precisos de medida. Por exemplo, o termo temperatura pode ser definido como “aquilo que o termômetro mede”. Nas ciências humanas, todavia, as definições operacionais nem sempre são satisfatórias. Por exemplo, em algumas pesquisas, define-se como católica a pessoa que se declara como tal. Daí poderão surgir intermináveis discussões. Entretanto, não há como negar que tal definição confere precisão ao conceito. Qualquer pessoa que busque informar-se acerca da pesquisa logo saberá qual o significado que é atribuído ao termo. O mesmo não ocorreria se a determinação da religião do pesquisado ficasse por çonta de considerações subjetivas do pesquisador.

É necessário considerar, no entanto, que este critério pode não se adequar a algumas modalidades de pesquisa, como, por exemplo, as que são desenvolvidas sob o enfoque fenomenológico ou da grounded theory. Nesses casos, as pesquisas geralmente se iniciam com um problema formulado de maneira genérica e que vai se especificando ao longo do processo de pesquisa.

 

2.3.4 O problema deve ser empírico

 

Foi visto que os problemas científicos não devem referir-se a valores. Não será fácil, por exemplo, investigar se “filhos de camponeses são melhores que filhos de operários” ou se “a mulher deve realizar estudos universitários”. Estes problemas conduzem inevitavelmente a julgamentos morais e, consequentemente, a considerações subjetivas, invalidando os propósitos da investigação científica, que tem a objetividade como uma das mais importantes características.

É verdade que as ciências interessam-se também pelo estudo dos valores. Todavia, estes devem ser estudados objetivamente, como fatos, ou como “coisas”, segundo a orientação de Durkheim. Por exemplo, a formulação de determinado problema poderá fazer referência a maus professores. Essa expressão indica valor, mas o pesquisador poderá estar interessado em pesquisar professores que seguem práticas autoritárias, não preparam suas aulas ou adotam critérios arbitrários de avaliação. Trata-se, portanto, de transformar as noções iniciais em outras mais úteis, que se refiram diretamente a fatos empíricos e não a percepções pessoais.

Embora o pesquisador deva procurar a objetividade, é importante reconhecer que o processo de construção do conhecimento não é neutro. Não há como eliminar completamente a subjetividade do pesquisador. Isto é particularmente verdadeiro no campo das ciências sociais, onde o pesquisador se propõe a estudar uma realidade da qual ele mesmo faz parte.

 

2.3.5 O problema deve ser suscetível de solução

 

Um problema pode ser claro, preciso e referir-se a conceitos empíricos, porém não se tem ideia de como seria possível coletar os dados necessários a sua resolução. Seja o exemplo: “ligando-se o nervo óptico às áreas auditivas do cérebro, as visões serão sentidas auditivamente?” Essa pergunta só poderá ser respondida quando a tecnologia neurofisiológica progredir a ponto de possibilitar a obtenção de dados relevantes.

Assim, ao formular um problema, o pesquisador precisa certificar-se de que existe tecnologia adequada para sua solução. Quando não existe, recomenda-se prioritariamente a construção de instrumentos capazes de proporcionar a investigação do problema. E o que se denomina pesquisa metodológica.

 

2.3.6 O problema deve ser delimitado a uma dimensão viável

 

Em muitas pesquisas, sobretudo nas acadêmicas, o problema tende a ser formulado em termos muito amplos, requerendo algum tipo de delimitação. Por exemplo, alguém poderia formular o problema: “em que pensam os jovens?” Seria necessário delimitar a população dos jovens a serem pesquisados mediante a especificação da faixa etária, da localidade abrangida etc. Seria necessário, ainda, delimitar “o que pensam”, já que isto envolve múltiplos aspectos, tais como: percepção acerca dos problemas mundiais, atitude em relação à religião etc.

A delimitação do problema guarda estreita relação com os meios disponíveis para investigação. Por exemplo, um pesquisador poderia ter interesse em pesquisar a atitude dos jovens em relação à religião. Mas não poderá investigar tudo o que todos os jovens pensam acerca de todas as religiões. Talvez sua pesquisa tenha de se restringir à investigação sobre o que os jovens de determinada cidade pensam a respeito de alguns aspectos de uma religião específica.

 

2.4 Como definir objetivos

 

O problema também pode ser apresentado sob a forma de objetivos, o que representa um passo importante para a operacionalização da pesquisa e para esclarecer acerca dos resultados esperados. Por essa razão é que as agências de financiamento exigem na apresentação dos projetos a especificação dos objetivos da pesquisa.

Para definir de maneira adequada os objetivos, é necessário que o problema apresente as características consideradas nas seções anteriores. Considere-se, então, o problema: Que barreiras sociais dificultam a participação da mulher no mercado de trabalho?

Trata-se de um problema formulado com clareza e objetividade. Mas para prosseguir na pesquisa é necessário que se torne mais específico e que seja delimitado a uma dimensão viável. E preciso, pois, determinar o universo abrangido pelo estudo. Refere-se ao país como um todo ou a uma região específica? Abrange todos os setores econômicos ou apenas um segmento? Envolve todos os níveis hierárquicos, ou se limita a um deles? Também é preciso definir o período a que se refere o estudo. Assim, o problema proposto poderia ser redefinido da seguinte forma: Com que barreiras sociais se deparam as mulheres para ascender a funções gerenciais no setor bancário no Estado de Minas Gerais na segunda década do século XXI?

Esse problema poderia ser apresentado sob a forma de objetivos:

·       Verificar o nível de participação das mulheres em funções gerenciais no setor bancário do Estado de Minas Gerais na segunda década do século XXI.

·       Identificar barreiras sociais à ascensão de mulheres a funções gerenciais nesse setor.

·       Verificar a existência de relação entre a participação de mulheres em funções gerenciais e características das instituições bancárias que as empregam.

Estes objetivos poderiam ainda ser mais especificados, mediante análise mais aprofundada do problema. Poderia até mesmo conduzir à definição de um objetivo geral e alguns objetivos específicos. Mas é importante considerar que esses objetivos, para que sejam claros e precisos, devem se iniciar com verbos que não possibilitam muitas interpretações, como, por exemplo: identificar, verificar, descrever e avaliar. Verbos como pesquisar, entender e conhecer não são adequados, pois não conferem clareza e precisão aos objetivos.

 

Leituras recomendadas

 

BEAUD, Michel. Arte da tese: como preparar e redigir uma tese de mestrado, uma monografia ou qualquer outro trabalho universitário. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997.

Este livro, elaborado sob a forma de um manual de pesquisa, dedica seus primeiros capítulos a algumas questões cruciais para as pessoas envolvidas na elaboração de teses e monografias: como escolher um bom assunto e um bom orientador?

 

LAVILLE, Christian; DIONNE, Jean. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.

A segunda parte desse livro é dedicada ao trajeto científico que se inicia com a escolha do problema até a formulação das hipóteses. O texto auxilia na escolha de “bons” problemas e “boas” perguntas.

 

Referência

 

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Editora Atlas, 2010. p.7-14.

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Os projetos são excelentes situações para que os alunos produzam textos de forma contextualizada — além do que, dependendo de como se organizam, exigem leitura, escuta de leituras, produção de textos orais, estudo, pesquisa ou outras atividades. Podem ser de curta ou média duração, envolver ou não outras áreas do conhecimento e resultar em diferentes produtos: uma coletânea de textos de um mesmo gênero (poemas, contos de assombração ou de fadas, lendas, etc.), um livro sobre um tema pesquisado, uma revista sobre vários temas estudados, um mural, uma cartilha sobre cuidados com a saúde, um jornal mensal, um folheto informativo, um panfleto, os cartazes de divulgação de uma festa na escola ou um único cartaz. (BRASIL. PCN: Língua portuguesa. 1997, p.70/71)

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Os projetos, além de oferecerem reais condições de produção de textos escritos, carregam exigências de grande valor pedagógico. (BRASIL. PCN: Língua portuguesa. 1997, p.71)

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[...] por intermédio dos projetos é possível uma intersecção entre conteúdos de diferentes áreas: por outro lado, há os projetos da área de Língua Portuguesa que, em função do objetivo de trabalhar com textos informativos, privilegiam assuntos de outras áreas, dos temas transversais, por exemplo. Por outro lado, no ensino das outras áreas, é imprescindível que se faça uso do registro escrito como recurso de documentação e de estudo. Esse registro pode resultar na elaboração de portadores de textos específicos, ao final ou durante o trabalho. Por exemplo: fazer um diário de viagem (pelos lugares que estão sendo estudados); elaborar uma cartilha sobre o que é a coleta seletiva do lixo, sua importância e instruções para realização; escrever um livro sobre as grandes navegações; ou um panfleto com estatísticas a respeito de um assunto discutido; (BRASIL. PCN: Língua portuguesa. 1997, p.72)

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Os projetos favorecem o necessário compromisso do aluno com sua própria aprendizagem. O fato de o objetivo ser compartilhado, desde o início, e de haver um produto final em torno do qual o trabalho de todos se organiza, contribui muito mais para o engajamento do aluno nas tarefas como um todo, do que quando essas são definidas pelo professor; determinadas práticas habituais que não fazem qualquer sentido quando trabalhadas de forma descontextualizada podem ganhar significado no interior dos projetos: a cópia, o ditado, a produção coletiva de textos, a correção exaustiva do produto final, a exigência de uma ortografia impecável, etc. (BRASIL. PCN: Língua portuguesa. 1997,p.72/73)

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Entre os principais recursos que precisam estar disponíveis na escola para viabilizar a proposta didática da área, estão os textos autênticos. A utilização de textos autênticos pressupõe cuidado com a manutenção de suas características gráficas: formatação, paginação, diferentes elementos utilizados para atribuição de sentido — como fotografias, desenhos gráficos, ilustrações, etc. Da mesma forma, é importante que esses textos, sempre que possível, sejam trazidos para a sala de aula nos seus portadores de origem (ainda que em algumas situações possam ser agrupados segundo gênero ou tema, por exemplo, para atender a necessidades específicas dos projetos de estudo). (BRASIL. PCN: Língua portuguesa. 1997, p.91)

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Na biblioteca escolar é necessário que sejam colocados à disposição dos alunos textos dos mais variados gêneros, respeitados os seus portadores: livros de contos, romances, poesia, enciclopédias, dicionários, jornais, revistas (infantis, em quadrinhos, de palavras cruzadas e outros jogos), livros de consulta das diversas áreas do conhecimento, almanaques, revistas de literatura de cordel, textos gravados em áudio e em vídeo, entre outros. Além dos materiais impressos que se pode adquirir no mercado, também aqueles que são produzidos pelos alunos — produtos dos mais variados projetos de estudo — podem compor o acervo da biblioteca escolar: coletâneas de contos, trava-línguas, piadas, brincadeiras e jogos infantis, livros de narrativas ficcionais, dossiês sobre assuntos específicos, diários de viagens, revistas, jornais, etc. (BRASIL. PCN: Língua portuguesa. 1997, p.92)

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Desde o primeiro ciclo é preciso que os alunos leiam diferentes textos que circulam socialmente. A seleção do material de leitura deve ter como critérios: a variedade de gêneros, a possibilidade de o conteúdo interessar, o atendimento aos projetos de estudo e pesquisa das demais áreas, o subsídio aos projetos da própria área. Por exemplo, para o desenvolvimento de uma proposta de produção de um diário sobre uma viagem imaginária, é importante que se leiam diferentes materiais: textos informativos sobre como se pode chegar ao lugar escolhido, como é a fauna e a flora da região, qual a localização geográfica do continente, qual o clima, quais roupas são adequadas para o trajeto, qual o tempo de duração da viagem e o meio de transporte escolhido, etc. Também é importante que se leiam textos como os encontrados num diário, para aprender como são escritos, caso a classe tenha conhecimento insuficiente do gênero para produzi-lo. (BRASIL. PCN: Língua portuguesa. 1997, p.106)

PAULO RENATO SOUZA

Estamos certos de que os Parâmetros serão instrumento útil no apoio às discussões pedagógicas em sua escola, na elaboração de projetos educativos, no planejamento das aulas, na reflexão sobre a prática educativa e na análise do material didático. E esperamos, por meio deles, estar contribuindo para a sua atualização profissional — um direito seu e, afinal, um dever do Estado. Paulo Renato Souza Ministro da Educação e do Desporto (BRASIL. PCN. 1997)

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